Reflexões de Samael sobre a Sagrada Ordem do Tibete

Passou-se muito tempo desde que uma singular dama-adepto, pertencente à Sagrada Ordem do Tibete, exclamou para mim: “Morre! Morre! Morre!”

Livro Egípcio da Morada Oculta diz: “No dia em que Hórus (o Íntimo) conseguir a vitória sobre Seth (o Ego Animal) e seus demônios, eu, defunto, triunfarei sobre meus inimigos durante a noite da festa em o deus Djed é elevado em Djedu diante das Divindades que residem sobre os caminhos da morte”.

Morrer em mim mesmo, dissolver o Eu, reduzi-lo a poeira cósmica, certamente não foi tarefa muito fácil. Não obstante, devo confessar sinceramente que permaneci fiel aos decretos de TUM (meu Pai que está nos céus). Jamais poderia negar que entrei com minha Divina Mãe Kundalini nas cavernas de Seth (as 49 regiões do subconsciente). Quem quiser subir deve primeiro descer, esta é a Lei. Toda exaltação é sempre precedida por uma humilhação.

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Cada defeito psicológico, visto interiormente com o olho de Hórus, tem, de fato, aparência satânica e animalesca. Compreensão e eliminação são fatores radicais.

Sem esses dois fatores seria impossível eliminar os demônios vermelhos (os defeitos). Primeiro compreender para depois eliminar.

Há muitos neófitos que compreendem, mas não eliminam. Decerto, esses fracassam. A mente não é tudo. A mente pode justificar ou condenar, esconder ou desculpar um defeito, porém não o consegue eliminar. Dessa forma entendi e roguei à minha Divina Mãe. O resultado foi maravilhoso.

Ó Divina Mãe Kundalini, serpente ígnea de nossos mágicos poderes! Ísis, a quem nenhum mortal levantou o véu! Sophia! Bem sabem os Deuses do Jardim das Hespérides que tu, sim, podes eliminar defeitos. Minha Mãe e eu compartilhamos o duro trabalho. Eu compreendia e Ela eliminava. Defeito compreendido a fundo era imediatamente eliminado pela minha Mãe. Ela nunca me abandonou, jamais me deixou sozinho.

Aprendi a combinar a meditação com a oração. Meditava para compreender e orava para suplicar. Pesaroso, de coração contrito, arrependido de verdade, implorava, suplicava à minha Divina Mãe, rogava sinceramente a Ela para que eliminasse o defeito psicológico que eu havia compreendido integralmente durante a meditação profunda.

O trabalho esotérico permitiu-me evidenciar até a saciedade a pluralidade do Eu. Cuidadosas observações clarividentes permitiram verificar, efetivamente, a íntima relação que existe entre o defeito e a entidade. Assim, pude verificar de forma ostensiva que cada erro é multifacetado em si mesmo.

Não será difícil aos nossos pacientes leitores conceber a ideia de pequenos Eus gritões e briguentos, entidades de tipo maligno que personificam nossos defeitos. Não é óbice para essas variadas entidades a coexistência desordenada e absurda dentro de nossa própria psique. Infelizmente, esses agregados psíquicos, subjetivos, infernais, continuam depois da morte.

O retorno palpável, autêntico e inquestionável desses valores subjetivos ou desses abomináveis elementos às novas matrizes constitui-se num axioma matemático.

– Ahamkrita-Bhava. Essas duas palavras sânscritas significam: “Condição Egoica” de nossa Consciência. Obviamente, a Consciência engarrafada em todas estas entidades que constituem o Ego se desenvolve e vive em razão de seu próprio condicionamento.

– Atmavidya. Com esse termo hindustani, referimo-nos à Iluminação Divina. A Consciência, embutida nos inumeráveis Eus que constituem o Ego, notoriamente não goza da autêntica iluminação. Encontra-se em estado de sopor, adormecida, sendo vítima das ilusões de Maya.

– Atmashakti. Com esse termo da sabedoria antiga indicamos e assinalamos o poder absolutamente espiritual. Por conseguinte, ou corolário, podemos e devemos enfatizar a ideia de que a Consciência não pode gozar do legítimo poder espiritual enquanto não se liberte de sua condição egoica. Quando Mefistófeles (o Ego) fica reduzido a cinzas, a Consciência se liberta e desperta.

Agora, sim, compreendereis, conspícuos leitores, por que me exigiram morrer? Só eliminando o Ego pude regressar à Ordem Sagrada do Tibete. Retornar ao vetusto monastério tibetano sempre foi meu maior anelo e, nesse caso, voltei ao santo lugar depois de ter sofrido muito. Cimo imaculado de delícias, Tibete Secreto, tudo em ti tem ar de mistério.

Certamente, esses Himalaias eternos têm uma inocente profundidade de espelho. Neves perpétuas, sóbrios conventos budistas, monges que oram e meditam murmurando muito quietos o mantra Om Mani Padme Hum.

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Esses místicos conhecem os tormentos das raças vencidas que viveram e morreram à sombra de sua massa colossal. Eles sabem dos voos das águias e do raio que as marcam com sua rubrica de fogo.

Nos flancos de suas montanhas gira o trovão de rudes vendavais e nos seus templos sepulcrais fundem-se sinais cósmicos que têm um sabor de eternidade. De acordo com antigos usos e costumes milenários, precisava de alguém que respondesse por mim, uma alma caridosa, um padrinho que me apresentasse à Ordem, e é óbvio que o consegui, graças a Deus.

Ele pagou para dar-me direito de ingresso, melhor dizendo, de reingresso na Venerável Ordem, com dinheiro esotérico que as multidões humanas desconhecem totalmente. Para tal retorno não há festas. Assim está escrito e disso sabem os divinos e os humanos.

Simplesmente e sem ostentação alguma, voltei a ocupar o meu posto dentro da Ordem e continuei o trabalho que outrora havia abandonado quando me desviei do caminho reto. Recomecei o meu trabalho fazendo caridade. Foi necessário que eu ajudasse a uma pobre alma, dentro do mosteiro, que batera em nossas portas buscando a luz. “Pedi e dar-se-vos-á, batei e abrir-se-vos-á.” Isso é Amor… O fogo da caridade faz milagres.

Desafortunadamente, aquela suplicante alma estava por demais adormecida. Em verdade, fiz enormes esforços para despertá-la, mas tudo foi inútil. Obviamente, essa sofrida criatura nem sequer havia começado a lutar contra Seth (o Ego) e seus demônios. Sua consciência estava totalmente engarrafada no Eu.

Ó velho mosteiro, protegido por antiquíssimas muralhas, quanto te amo! Como esquecer aquele pátio inefável e aquela sagrada mesa diante da qual se sentam os Nirmanakayas de compaixão? Como esquecer aqueles salões de trabalho e todos os múltiplos e variados passeios inefáveis por onde circulavam, iam e vinham os Adeptos da Luz?

Mas, ó meu Deus! Recorda, querido leitor, que não há rosas sem espinhos, tu o sabes. Quanta dor senti ao percorrer todos os povoados e aldeias do Tibete! Por toda parte, por aqui, ali e acolá, pude ver as tropas de chineses comunistas que aleivosamente haviam invadido a Sagrada Terra dos Adeptos.

Quão espantosos são os profanadores! Veem-se ali os soldados vermelhos nas portas dos sagrados pagodes, rindo cinicamente daquilo que não entendem.

Ao divino Padma Sambhava, encarnação do Lótus, protetor de todos os seres conscientes, suplico liberdade para o Tibete! A todos os Pais e Mães dos Budas das Cinco Ordens, rogo afugentar para sempre as hordas bárbaras que assassinaram os Santos.

Bhagavan Aclaiva, Mestre protetor da nossa Sagrada Ordem, ajudai-nos, afastai do Tibete essas hordas bárbaras do marxismo.

Ah, bem sabe o Tathágata (Buda) quanto teve de sofrer ao contemplar a terrível solidão do Vale de Amitaba. Que aconteceu com aquelas festas religiosas que outrora alegraram o sublime vale? Agora, por todas as partes, só se veem as cruéis hostes do marxismo. Até quando terá de continuar essa amargura? Afortunadamente, o mosteiro da Sagrada Ordem do Tibete está muito bem protegido dentro da Quarta Dimensão.

Samael Aun Weor, Meu Regresso ao Tibet

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